sexta-feira, 19 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?

HEROÍSMO OU FELONIA…?

Os acontecimentos que justificaram o 25 de Abril e que depois argumentaram as suas consequências - o derrube da portugalidade, a vitória do comunismo internacional, a penúria da autodeterminação, o genocídio ultramarino, o elogio dos traidores, o desfalque da territorialidade, a tentativa para sovietizar Portugal e a destruição dos mais elementares valores sociais - foram planeados por uma ambiciosa diáspora marxista e executados por uma minoria de militares. Uma facção militar, (política, politizada e comprometida) à revelia da instituição e da hierarquia e pior do que isso traindo os próprios camaradas, consumou o que todos sabemos. Não é de todo exacto dizer-se á revelia da hierarquia porque contaram com o beneplácito de dois proeminentes generais, tendo ambos participado (embora apenas um deles o tenha assumido) na “feitura” (correcção) do programa revolucionário. Este – desde o início usado e enganado - posteriormente “derrotado” acabaria por meter a mão na consciência e dar azo ao arrependimento e à acusação. E à confusão também: acusando de traição tudo e todos, inclusive aquele que fora traído,

- Mas a campanha continua e magoa-me. Até porque muitos dos que me responsabilizam são os que MENOS fizeram para deter a onda das ideias esquerdistas e das AVANÇADAS dos adversários. E eu, que tenho a consciência de ter lutado sem desfalecimento, no plano IDEOLÓGICO, na acção DIPLOMÁTICA, na condução do GOVERNO, sou o ÚNICO CULPADO! Paciência ...”[1]

Uma acusação que não transitaria em julgado porque como o general tomou “partido” nos acontecimentos isso fez dele (no mínimo) co-responsável, co-autor e consequentemente co-traidor,

- O cabo de guerra vaidoso, vaidoso e inexperiente, que julgou conduzir uma revolução como se fosse “COMANDAR HOMENS EM CAMPANHA” (...). Não se lhe põe em dúvida o patriotismo, mas como é jactancioso e se crê uma personagem carismática, não soube reconhecer que não era De Gaulle e que apenas se serviam do seu prestígio para orientar a revolução nas vias do marxismo. Agora anda por aí como se fora o Messias dos que queriam a mudança do regime e se tornaram “VÍTIMAS” dela, como sucede aos aprendizes de feiticeiro à sombra de cujo nome se destroem Pátrias[2]

Acrescentamos ainda.

Mandam os ensinamentos militares que um chefe na iminência da “tomada de decisão” deve conhecer muito bem a modalidade de acção, os objectivos, o inimigo, quem exerce o esforço principal, o secundário, quem é a reserva, os meios a empregar, o moral, a população civil, etc. Portanto se de facto houve traição, o que não parece de todo inverosímil, então quem foi traído não foi o regime, nem os seus líderes, nem sequer o “general”: foi PORTUGAL.

Contra quem as campanhas se faziam…

Campanhas que se sucediam em catadupa que, – qual coro concertado pela batuta marxista - apesar do isolacionismo e da indiferença da comunidade internacional, Portugal ia contrariando, sustentando e (segundo parecer de distintos chefes militares) estando em vias de vencer uma guerra internacional, travada em longínquos territórios da Pátria-mãe e contra o mais poderoso inimigo da civilização actual. A vitória parecia iminente. Uma vitória civilizacional que viabilizaria um prodigioso futuro para esses territórios e uma lição para o mundo moderno. Uma vitória que, (apesar da nova ordem internacional, saída dos escombros da segunda grande guerra, erigida na base do conceito de “descolonização” a todo o custo, que passou a constituir uma “directiva” mundial subjacente à estratégia bipolar das superpotências, em nítido desrespeito e atropelo do princípio “autodeterminador”) só não aconteceu por traição.

Como vimos o fenómeno descolonizador acentuou num falso conceito que por sua vez se alimentou numa falsa premissa constituindo um inquinado e deslocado projecto de luta política, onde a autodeterminação servia de “retórica” para mascarar aquele dissimulado e ilegal objectivo político.

A autodeterminação era o único, legítimo e juridicamente legal, direito que aqueles povos possuíam e mereciam. Fora por ela que outrora Portugal se separara da Espanha, fora também por ela que o Brasil cortara o cordão umbilical com a corte lusitana. E é também por “ela” que Portugal manteve e mantém com ambos, sem qualquer preconceito, uma boa amizade de vizinhança e uma irmandade que a distância não corrói.

· Mas, em África, quantos países se autodeterminaram?

Nenhum, segundo se sabe.

· E Porquê?

Porque nenhum deles havia ainda criado as condições mínimas para a garantir.

A pressa e a pressão socialista atropelaram os conceitos, confundiram as mentes e converteram o direito legítimo numa fraude,

- As nações como os seres humanos, adquirem naturalmente a sua independência. Passam por todas as fases, desde o primeiro “mamã” até à dentição, desde a primeira juventude à última adolescência, que é a velhice. Angola, Moçambique, todas as nações que Portugal, mãe generosa de novos mundos, está criando – vão um dia ser livres, serão Brasis na África. Tudo tem seu tempo. Por que engrossarmos as fileiras dos inimigos suspeitíssimos de Portugal, aqueles que Moscovo financia na fronteira do Congo, ou os mercenários de outras nações? Tais colónias, que Portugal prefere chamar de províncias de além-mar, deixariam agora de ser colónias políticas de Portugal para serem colónias económicas de outras nações mais poderosas[3]



[1] “Marcello Caetano, confidências no exílio” J. Veríssimo Serrão.

[2] “Marcello Caetano, Confidências no exílio”, J. Veríssimo Serrão.

[3] “Portugal meu avozinho”, David Nasser.

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