quinta-feira, 18 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?


TRATADO DA TRAIÇÃO…?



Indiferentes ao jogo das possibilidades teóricas, as toupeiras do exílio, que desde há muito vinham minando a conjuntura de isolamento que Portugal enfrentava, aprestam-se a concertar um acordo com o inimigo para, em conjunto, arregimentarem as condições para se consumar o derrube do regime português por via dum golpe de estado.

O derrube do Governo de Portugal interessava a ambos: à diáspora e ao inimigo socialista.

Por isso não será de estranhar como possibilidade teórica a existência desse estranho acordo, alegadamente, realizado em Paris, em Maio de 1973, signatado pelos dois partidos perseguidos pelo regime (PS e PCP)

Era do interesse de ambos uma estratégia e entendimento para colapsar o regime "colonialista".

Neste contexto, é crível que o 25 de Abril de 1974 tenha nascido então em Paris, corria o mês de Maio de 1973 e a luz verde para o entendimento entre estes dois partidos marxistas acendeu porque ambos conheciam, de forma explicitamente comprometida, a existência de forças socialistas no seio das forças armadas, desejosas de encerrarem o conflito colonial.

Nas forças armadas circulava um movimento anti-colonialista que só precisava dum móbil para agir e dum alibi para pretextuar a corporização descontente.

O derrube do regime português só se tornaria exequível se existisse um claro comprometimento, consciente ou involuntário, de quadros das forças armadas. Um golpe militar é isso mesmo, como o próprio nome sugere um golpe executado por militares[1]; pode ser ou não pensado por militares, mas a sua concretização não oferece dúvidas.

A comunhão das duas sensibilidades marxistas (PS e PCP) concedeu à mãe ideológica (URSS) a inspiração para rentabilizar a oportunidade que se adivinhava. O passo seguinte traduz o menu de diligências para consumar uma aproximação táctica e operacional entre estes partidos e os movimentos subversivos.

Como consequência ocorreu o misterioso acordo de paris.

Aqui o comprometimento explícito do PS e do PCP, de per si, deu inteira razão e racionalidade à estratégia que Portugal havia adoptado: perseguir o socialismo, em todas as frentes.

Esta atitude de ambos os partidos, que consubstancia um crime de Delinquência de Alta Traição à Pátria, conferia estatuto e dá sentido à atitude do Governo de Portugal pois confirma que ambos defendiam interesses anti-nacionais. Um e outro defendiam interesses estranhos a Portugal e aos interesses de Portugal e consequentemente aos interesses dos portugueses.

O socialismo era o inimigo de Portugal, o regime Português tinha razão para o combater e para perseguir os partidários das suas teses,

- “Enquanto as forças armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e em Moçambique, e nas Chancelarias e Assembleias Internacionais a diplomacia portuguesa faz frente a tantas incompreensões, não nos é lícito afrouxar a vigilância da retaguarda. Em tal situação de emergência há que continuar a pedir sacrifícios a todos, inclusivamente nalgumas liberdades que se desejariam ver restauradas. Mas, todos sabemos, pela dolorosa experiência alheia, que se essa tolerância se estender ao comunismo estaremos cavando a sepultura da liberdade dos indivíduos e da própria Nação…”[2]



[1] Comenta-se que o PS ficou surpreso e espantadíssimo com o facto do PCP estar tão (bem) informado das feições políticas dos os oficiais das forças armadas.

[2] Excerto do discurso de tomada de posse de Marcello Caetano (Um homem chamado Salazar, Ápio Gracia).

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