sexta-feira, 19 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?

HEROÍSMO OU FELONIA…?

Os acontecimentos que justificaram o 25 de Abril e que depois argumentaram as suas consequências - o derrube da portugalidade, a vitória do comunismo internacional, a penúria da autodeterminação, o genocídio ultramarino, o elogio dos traidores, o desfalque da territorialidade, a tentativa para sovietizar Portugal e a destruição dos mais elementares valores sociais - foram planeados por uma ambiciosa diáspora marxista e executados por uma minoria de militares. Uma facção militar, (política, politizada e comprometida) à revelia da instituição e da hierarquia e pior do que isso traindo os próprios camaradas, consumou o que todos sabemos. Não é de todo exacto dizer-se á revelia da hierarquia porque contaram com o beneplácito de dois proeminentes generais, tendo ambos participado (embora apenas um deles o tenha assumido) na “feitura” (correcção) do programa revolucionário. Este – desde o início usado e enganado - posteriormente “derrotado” acabaria por meter a mão na consciência e dar azo ao arrependimento e à acusação. E à confusão também: acusando de traição tudo e todos, inclusive aquele que fora traído,

- Mas a campanha continua e magoa-me. Até porque muitos dos que me responsabilizam são os que MENOS fizeram para deter a onda das ideias esquerdistas e das AVANÇADAS dos adversários. E eu, que tenho a consciência de ter lutado sem desfalecimento, no plano IDEOLÓGICO, na acção DIPLOMÁTICA, na condução do GOVERNO, sou o ÚNICO CULPADO! Paciência ...”[1]

Uma acusação que não transitaria em julgado porque como o general tomou “partido” nos acontecimentos isso fez dele (no mínimo) co-responsável, co-autor e consequentemente co-traidor,

- O cabo de guerra vaidoso, vaidoso e inexperiente, que julgou conduzir uma revolução como se fosse “COMANDAR HOMENS EM CAMPANHA” (...). Não se lhe põe em dúvida o patriotismo, mas como é jactancioso e se crê uma personagem carismática, não soube reconhecer que não era De Gaulle e que apenas se serviam do seu prestígio para orientar a revolução nas vias do marxismo. Agora anda por aí como se fora o Messias dos que queriam a mudança do regime e se tornaram “VÍTIMAS” dela, como sucede aos aprendizes de feiticeiro à sombra de cujo nome se destroem Pátrias[2]

Acrescentamos ainda.

Mandam os ensinamentos militares que um chefe na iminência da “tomada de decisão” deve conhecer muito bem a modalidade de acção, os objectivos, o inimigo, quem exerce o esforço principal, o secundário, quem é a reserva, os meios a empregar, o moral, a população civil, etc. Portanto se de facto houve traição, o que não parece de todo inverosímil, então quem foi traído não foi o regime, nem os seus líderes, nem sequer o “general”: foi PORTUGAL.

Contra quem as campanhas se faziam…

Campanhas que se sucediam em catadupa que, – qual coro concertado pela batuta marxista - apesar do isolacionismo e da indiferença da comunidade internacional, Portugal ia contrariando, sustentando e (segundo parecer de distintos chefes militares) estando em vias de vencer uma guerra internacional, travada em longínquos territórios da Pátria-mãe e contra o mais poderoso inimigo da civilização actual. A vitória parecia iminente. Uma vitória civilizacional que viabilizaria um prodigioso futuro para esses territórios e uma lição para o mundo moderno. Uma vitória que, (apesar da nova ordem internacional, saída dos escombros da segunda grande guerra, erigida na base do conceito de “descolonização” a todo o custo, que passou a constituir uma “directiva” mundial subjacente à estratégia bipolar das superpotências, em nítido desrespeito e atropelo do princípio “autodeterminador”) só não aconteceu por traição.

Como vimos o fenómeno descolonizador acentuou num falso conceito que por sua vez se alimentou numa falsa premissa constituindo um inquinado e deslocado projecto de luta política, onde a autodeterminação servia de “retórica” para mascarar aquele dissimulado e ilegal objectivo político.

A autodeterminação era o único, legítimo e juridicamente legal, direito que aqueles povos possuíam e mereciam. Fora por ela que outrora Portugal se separara da Espanha, fora também por ela que o Brasil cortara o cordão umbilical com a corte lusitana. E é também por “ela” que Portugal manteve e mantém com ambos, sem qualquer preconceito, uma boa amizade de vizinhança e uma irmandade que a distância não corrói.

· Mas, em África, quantos países se autodeterminaram?

Nenhum, segundo se sabe.

· E Porquê?

Porque nenhum deles havia ainda criado as condições mínimas para a garantir.

A pressa e a pressão socialista atropelaram os conceitos, confundiram as mentes e converteram o direito legítimo numa fraude,

- As nações como os seres humanos, adquirem naturalmente a sua independência. Passam por todas as fases, desde o primeiro “mamã” até à dentição, desde a primeira juventude à última adolescência, que é a velhice. Angola, Moçambique, todas as nações que Portugal, mãe generosa de novos mundos, está criando – vão um dia ser livres, serão Brasis na África. Tudo tem seu tempo. Por que engrossarmos as fileiras dos inimigos suspeitíssimos de Portugal, aqueles que Moscovo financia na fronteira do Congo, ou os mercenários de outras nações? Tais colónias, que Portugal prefere chamar de províncias de além-mar, deixariam agora de ser colónias políticas de Portugal para serem colónias económicas de outras nações mais poderosas[3]



[1] “Marcello Caetano, confidências no exílio” J. Veríssimo Serrão.

[2] “Marcello Caetano, Confidências no exílio”, J. Veríssimo Serrão.

[3] “Portugal meu avozinho”, David Nasser.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?


TRATADO DA TRAIÇÃO…?



Indiferentes ao jogo das possibilidades teóricas, as toupeiras do exílio, que desde há muito vinham minando a conjuntura de isolamento que Portugal enfrentava, aprestam-se a concertar um acordo com o inimigo para, em conjunto, arregimentarem as condições para se consumar o derrube do regime português por via dum golpe de estado.

O derrube do Governo de Portugal interessava a ambos: à diáspora e ao inimigo socialista.

Por isso não será de estranhar como possibilidade teórica a existência desse estranho acordo, alegadamente, realizado em Paris, em Maio de 1973, signatado pelos dois partidos perseguidos pelo regime (PS e PCP)

Era do interesse de ambos uma estratégia e entendimento para colapsar o regime "colonialista".

Neste contexto, é crível que o 25 de Abril de 1974 tenha nascido então em Paris, corria o mês de Maio de 1973 e a luz verde para o entendimento entre estes dois partidos marxistas acendeu porque ambos conheciam, de forma explicitamente comprometida, a existência de forças socialistas no seio das forças armadas, desejosas de encerrarem o conflito colonial.

Nas forças armadas circulava um movimento anti-colonialista que só precisava dum móbil para agir e dum alibi para pretextuar a corporização descontente.

O derrube do regime português só se tornaria exequível se existisse um claro comprometimento, consciente ou involuntário, de quadros das forças armadas. Um golpe militar é isso mesmo, como o próprio nome sugere um golpe executado por militares[1]; pode ser ou não pensado por militares, mas a sua concretização não oferece dúvidas.

A comunhão das duas sensibilidades marxistas (PS e PCP) concedeu à mãe ideológica (URSS) a inspiração para rentabilizar a oportunidade que se adivinhava. O passo seguinte traduz o menu de diligências para consumar uma aproximação táctica e operacional entre estes partidos e os movimentos subversivos.

Como consequência ocorreu o misterioso acordo de paris.

Aqui o comprometimento explícito do PS e do PCP, de per si, deu inteira razão e racionalidade à estratégia que Portugal havia adoptado: perseguir o socialismo, em todas as frentes.

Esta atitude de ambos os partidos, que consubstancia um crime de Delinquência de Alta Traição à Pátria, conferia estatuto e dá sentido à atitude do Governo de Portugal pois confirma que ambos defendiam interesses anti-nacionais. Um e outro defendiam interesses estranhos a Portugal e aos interesses de Portugal e consequentemente aos interesses dos portugueses.

O socialismo era o inimigo de Portugal, o regime Português tinha razão para o combater e para perseguir os partidários das suas teses,

- “Enquanto as forças armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e em Moçambique, e nas Chancelarias e Assembleias Internacionais a diplomacia portuguesa faz frente a tantas incompreensões, não nos é lícito afrouxar a vigilância da retaguarda. Em tal situação de emergência há que continuar a pedir sacrifícios a todos, inclusivamente nalgumas liberdades que se desejariam ver restauradas. Mas, todos sabemos, pela dolorosa experiência alheia, que se essa tolerância se estender ao comunismo estaremos cavando a sepultura da liberdade dos indivíduos e da própria Nação…”[2]



[1] Comenta-se que o PS ficou surpreso e espantadíssimo com o facto do PCP estar tão (bem) informado das feições políticas dos os oficiais das forças armadas.

[2] Excerto do discurso de tomada de posse de Marcello Caetano (Um homem chamado Salazar, Ápio Gracia).

terça-feira, 16 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?

A Mentira

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo

O dia de trabalho acabara e com ele a canseira de Siacid.

Com a perda da luz natural a cidade entra em reboliço, a azafama substitui a acalmia quando a cidade decide dar a vez ao ruído, à confusão, ao atropelo e à correria, esculpindo o cenário da hora de ponta.

Os automóveis movimentam-se em todos os sentidos e direcções.

Os comboios sinalizam a partida.

Os táxis não têm mãos a medir.

Os autocarros chegam e partem apressadamente, esvaziando as filas de espera.

Como habitualmente ao tomarmos o nosso lugar na fila de espera para o autocarro somos apanhados por um pequeno burburinho cuja causa logo se percebeu radicar no facto dum condutor ter estacionado o seu automóvel mesmo de frente para a paragem.

Neste local era proibido estacionar ou sequer parar, mas pior do que a contravenção foi o facto do condutor não ter desligado o motor, por isso o incomodativo cheiro dos gases do escape depressa começa a perturbar a suplícita fila de esperantes tendo um deles, quiçá o mais impaciente ou nervoso, começado a barafustar para com o infractor, berrando-lhe para que retirasse o carro dali.

Enquanto isso, um polícia, que se encontrava nas redondezas observa quietamente a cena, talvez pensando que a ira do impaciente logo se desvaneceria ou o autocarro entretanto chegaria ou ainda que o condutor atemorizado logo partiria, o que de facto veio a acontecer.

E, mal o infractor sai de cena, o impaciente, homem já de uma certa idade, desvia a fúria não contida para o polícia, questionando-o por não ter agido.

Entretanto chega o autocarro e com ele nova surpresa porquanto, enquanto nele entrámos, o velho, ainda colerizado, dirige-se-nos a palavra criticando a atitude do polícia – “Está a ver? Nada fazem? Não reagem? Que porcaria de regime? Onde está a autoridade? Ninguém tem mãos nisto?”

Hesitamos em responder, não que concordássemos com a atitude do polícia ou sequer com a reacção do impaciente, mas acabamos por retorquir – “O senhor vai desculpar-me, mas certamente terá vivido num tempo em que aquele condutor que se preparava para estacionar o carro num local indevido, ao verificar a presença do polícia, pura e simplesmente desistia da ideia respeitando a farda …”

Não ouvimos qualquer resposta.

Desligamos a atenção sintonizando o ruído do motor coligando-o com o som do vento que nesse fim de tarde se associam fustigando o entardecer, fazendo com que a despedida da luz do dia se faça com rancor, prenunciando a entrada em cena de Siacid.

Este aproveitando-se da sonolência dos irmãos, e com o cérebro a germinar pela conspiração decide iniciar a lexicologia revolucionária.

*

No sonho como no filme da imaginação o protagonista surge para iluminar o guião da felonia.

Letra a letra, palavra a palavra, linha a linha, eis a génese do texto que a história mais tarde irá registar como pergaminho mercenário: Alvor, Lusaka e Argel serão os capítulos que se seguirão e presumem materializar este retrato ao traduzir ipsis verbis os termos dum contrato-promessa repleto de imperfeições e de putativa licitude.

Assim começa a história de Siacid e com ela a história dum tempo para esquecer.

E, como todas as histórias também esta começa em Algures, um algures que nos obriga a recuar no tempo até cerca do ano 190 antes da era de Cristo.

Aqui chegados vemos a Lusitânia, então uma civilização em vias de ser esculpida pelo génio dum povo humilde, valente, sofredor e corajoso.

Uma seita de bravos que desafiando a imponência e a arrogância do valente invasor romano, e bafejados pela lotaria geográfica e ainda e quiçá especialmente liderados pela perícia dum chefe ímpar germinam o génio da invencibilidade, ludibriam o determinismo do império e garantem a independência da sua terra natal, durante anos e anos a fio.

Eis a história dum Povo, uma epopeia de génio, uma constância de árduas e prolongadas batalhas contra a potência colonial, alternando vitórias e derrotas, sem nunca desanimar ou desistir.

A cada vitória romana sucedia uma rebelião e assim sucessivamente até que, cerca do ano 150 aC, surge no seio deles um líder que respondia pelo nome de Viriato e sob o seu comando a Lusitânia não tardou a conquistar o epíteto de invencível levando Roma, sem alternativa política, a reconhecer o facto tornando-se seu aliado e concedendo a Viriato o título de amicus populi Romani.

E a acalmia durou anos a fio até que o ambicioso governador Servílio Cipião manda o acordo às urtigas e decide "vencer" Viriato.

E sem qualquer pingo de hesitação utiliza o mais ignóbil dos expedientes: a traição.

Desse mítico povo, secularmente celebrizado no génio desse líder traído, viria a descender a Pátria Portuguesa que o épico imortalizaria,

- Esta é a ditosa Pátria minha amada...

Esta foi LUSITÂNIA, derivada…

Desta o pastor, que no seu nome

Se vê que de homem forte os feitos teve;

Cuja fama ninguém virá que dome,

Pois a grande de Roma não se atreve…”[1]

Decidimos manter o pleonasmo porque a história de Viriato ir-se-ia repetir em termos e forma 2000 anos depois, altura em que três irrequietos irmãos resolvem brincar com a pólvora.



[1] “Os Lusíadas”, Luís de Camões.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

PERJÚRIO REVOLUCIONÁRIO?

DAS 00H20 DE 25 DE ABRIL DE 1974 ATÉ ÀS 19H10 DE 15 DE OUTUBRO DE 2007

Prólogo


Porque se fez o 25 de Abril?
Quem o planeou?
Quem o executou?
Quais os seus objectivos reais?
Porque se fez a Descolonização nos moldes em que foi feita, isto é durante um período revolucionário, sem qualquer legalidade ou legitimidade democrática?
Porque se Delapidou o Território Nacional sob os auspícios dum Governo Provisório, sem se assegurar o timing para a criação dum Governo Sufragado, Legítimo, Democrático e Constitucional?
Porque se demitiu Palma Carlos?
Porque fugiu Spínola do País?
Porque foram presos, sem Nota de Culpa formada, os que podiam contraditar o processo de descolonização?

*

Quando se acredita que nem sempre o que parece é, e nem sempre o que dizem ser é, então facilmente se acreditará também não existir realidade "pura", pois toda a acção é susceptível de estar contaminada por miríades de ficção.

É neste contexto que vamos tentar aceder a toda a acção que desembarcou no fenómeno denominado por “25 de Abril”.

Porque me arrisco a fazê-lo?

Apenas porque tudo o que dele se sabe, foi-nos dito por comprometidos.

Com o título escolhido pretendemos provocar abanões, sacudir preconceitos, criar impacto para que um dia se venha a saber Toda a Verdade, quem sabe.

Até lá proponho que fiquemos pelo Perjúrio Revolucionário uma anamnése que nos é escondida pela versão oficial.

O retrato da versão oficial sugere um Fenómeno determinístico, justificado numa espécie de cansaço institucional e num ardoroso desejo de mudança.
Mas terá sido mesmo assim?
Porque contém e se sustenta numa lógica de inegabilidade?
Ou será que o discurso oficial persiste em ostentar uma versão unilateral para assim conferir à revolução o epíteto de parideira da liberdade e da democracia?
E o encerro da guerra colonial ocorreu como consequência ou como causa do Fenómeno?
Chegou a hora de abordar o tema de frente, segurar o toiro pelos cornos sem medo, e enfrentar a verdade escondida pelo biombo oficial.

A Polemologia como ciência da guerra diz-nos que nela se ganha ou perde.

Apesar das premissas se manterem inalteradas, hoje em dia, o efeito de vitória e de derrota, por motivos de retórica ideológica e por oportunismo político, tendem a desaparecer da semântica das modernas soluções diplomáticas.

São as designadas de “soluções de compromisso”, o vulgo acordo.

Mas há que convir que estes acordos materializam uma solução do conflito preexistente, de forma velada escondem-se as vulnerabilidades mas a vitória ocorre sempre, melhor ou pior mascarada.

À mesa das negociações sentam-se na pele de signatários os mesmos conflituantes que interpretaram a estratégia que antes combateram pela armas e com derramamento de sangue.

E essa “rivalidade” não desaparece por artes de magia.

Até mesmo a “violência”, COMO PARECE TER SIDO O CASO, esteve sempre presente nessa Dita mesa das negociações.

Portanto o resultado traduz sempre moralmente, e quase sempre materialmente, um vencedor e um vencido, embora nenhum deles seja explicitamente declarado como tal, nem isso apareça no léxico do clausulado.

No caso português, a guerra colonial, travada entre 1961 e 1974, terminou, com base numa dessas soluções de compromisso, cujo resultado provocou uma profunda alteração da conjuntura só possível na consagração de um vencedor.

E de um vencido.

Embora uma das partes não reconheça esta especificação e esta não tenha sido formalmente declarada, a verdade é que existiu, de tal forma que a outra das partes à posteriori veio a reconhecê-lo.
A constatação do efeito de vitória e de derrota é algo de "materialmente" constatável, embora "moralmente" permaneça mesclado sob a subjectividade jurídica dum acordo.

É doloroso falar de derrota quando esta está soterrada num lamaçal de indisciplina política, numa sepultura de verborreia jurídica.

As condições do pseudo acordo (dito de mútuo!), os compromissos implícitos, a genealogia subversiva, a urgência (!) e, principalmente, os obreiros tudo fazem para esconder a derrota.

Recusam reconhecê-la, recusam falar dela, mas não conseguem escondê-la.

Com o 25-4, feito para tal fim, uma das partes venceu e ditou as condições da paz.

E fê-lo de forma impar, com um sucesso impensável, impondo ipso facto a solução estratégica que havia escolhido e adoptado.

Mas isso não daria para impulsionar a feitura deste livro.

A justificação reside na frieza da análise que nos leva ainda mais longe. A parte vencedora só o foi porque contou como apoio e auxílio dum motim de detractores que, sem escrúpulos não hesitaram em diligenciar, de má-fé, um acordo cúmplice visando a obliteração estratégica de parte pluricontinental do território nacional.

A intoxicação e o alarido consagraram uma epistemologia de inevitabilidade. Mas também isso nos é revelado como uma fórmula de marketing para esconder a cruel consequência.

A efeméride está mal contada.

Contém um biombo que oculta e alija as responsabilidades, as culpas, os dolos e as cumplicidades.

A aparente inevitabilidade e o fundamentalismo da irreversibilidade consuetudinária são os fundamentos teóricos daqueles que sustentam e encorajam a explicação laxativa e que usam a pós-penitência para desculpar o cocktail de taras e de delinquências que presidiram à solução, e que assim deixam ficar para a história a contradição e o equívoco.

Uma “verdade” que a palavra, a frase, o parágrafo e o texto oficial sonega, abafa, distorce ou encobre envergonhadamente, dando prova de que quando não existe meio-termo entre abandono e violência a resposta só poderá ser o insulto ou a mentira.


sexta-feira, 20 de julho de 2007

Surpresa, talvez!

É com o menor dos espantos que tomei conhecimento do portocolo de Paris, um assunto tabu de que nunca a opinião pública de portuguesa comentou e a publicada divulgou, isto mau grado existir alta coincidência – até nos pormenores – entre ele e a solução aplicada.

Sem pingo de hipocrisia ou maledicência gratuita direi que, e qualquer que seja o ângulo de apreciação, para todos os efeitos jurídicos, o “golpe de estado de 1974” foi um acto ilícito, doloso.

Como assim indiscutivelmente inconstitucional.

E, sob este ângulo puramente jurisdicional acrescentarei que a sublevação constitui dolo bastante para enquadrar o crime de “delinquência de alta traição à pátria”.

Um crime que, então, até era punível com a pena de morte.

*

Postos os considerandos enfrentemos o assunto.

O conhecimento do dito acordo secreto, consumado um ano antes da revolução de abril, enquadra a revolução num obsceno “psiquismo”, que permite içar a seguinte questão: foi a revolução um libelo encomendado, ou antes um determinismo insurreccional?

A resposta terá de ser intrigrante.

O tempo percorrido foi mediado por muita inrtiga, confusão bastante, muito rumor, muita maledicência daí que haja sempre quem se sinta atraído pela felonia, os chamados intolerantes, assim como quem não se canse de elogiar o feito e o virtuosimso do fautor, os militantes.

Entre ambos identificamos ainda uma terceiro grupo, os pacientes, onde me enconto, e que poderão ser identificados como aqueles que aguardam pela versão isenta, imparcial e definitiva.

É neste quadro que, julgamos, se encontra a maioria dos portugueses.

O golpe de estado, assim como a sucedânea revolução (processo revolucionário em curso: PREC), constitui um off shore de equívocos cujas metastases se estendem aos dias de hoje.

Acordo secreto (patrocínio do 25 de Abril?)

O Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP) e o Secretário-Geral do Partido Socialista (PS), juntamente com outros membros dos Partidos, reuniram-se em Paris em Maio de 1973 para estudarem as possibilidades de canalizarem o descontentamento então evidente em certos sectores das Forças Armadas Portuguesas no sentido de estruturarem um movimento militar capaz de derrubar o Governo Português.

Desde o início, o PCP provou ser tão altamente organizado e conhecedor da situação que maravilhou e convenceu o PS a juntar-se ao movimento.

O PCP tinha fichas detalhadas de todos os oficiais portugueses e contava com um número surpreendente de membros simpatizantes nas Forças Armadas e nos sectores do Serviço Público.

O Secretário-Geral do PCP decidiu, contudo, por razões óbvias, que não se aventuraria em certas actividades para evitar que riscasse a posição que tinha adquirido. Portanto, delegou no PS, então praticamente desconhecido e por consequência menos susceptível de causar suspeita, a responsabilidade de fazer o trabalho sujo.

O PS atacou as medidas do Governo Português enquanto o PCP generosamente financiou as operações.

Moscovo, a fonte desses fundos, só impôs uma condição:

- Independência imediata a todas as colónias portuguesas e transferência das respectivas soberanias, sem eleições, aos movimentos pró-russos.

O acordo final, respeitante às condições impostas pela Rússia, foi assinado numa reunião a que compareceram cinco comunistas e quatro socialistas, no primeiro andar de um restaurante de Paris adjacente à Farmácia da Ópera.

Há quem afirme que o PCP ou o PS, mas não ambos, assinou o acordo final com a Rússia.

Seja como for o acordo tinha duas cláusulas:

1. A Rússia contribuiria inicialmente com dois milhões de dólares para financiar a organização do golpe de Estado que derrubaria o Governo Português.

2. O PCP e o PS comprometiam-se a dar a Independência imediata às Colónias Portuguesas representadas na Reunião, para a ocasião, pelo PAIGC, MPLA e FRELIMO.

*

O que sucedeu em Moçambique, Guiné, Cabo Verde e Angola, foi de tal forma vergonhoso, que os responsáveis pela concessão da independência, só se atreveram a cobrir a sua traição a Portugal, e às populações locais, com loucas generalidades de óbvio cultivo soviético. Os partidos opostos à FRELIMO em Moçambique, ao PAIGC na Guiné e Cabo Verde e ao MPLA em Angola, foram perseguidos e por decisões totalitárias e fascisantes, proibidos de defender os ideais que sustentavam.


In Newsletter – Boston, Mass-USA – Agosto de 1976 volume I – Nº 2 (“Sangue no Capim Atraiçoado”, de Reis Ventura)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Acto I - Apresentação

Este meu "cibersítio" pretende ser um espaço de intervenção livre e democrático.

Destina-se a todos os que, como eu, acreditam nos valores da Verdadeira Democracia e recusam capitular perante o regime de Democrabandalheira que hoje vigora em Portugal.

Pelo exposto, peço deferimento à vossa paciência.
Saudação do Viriato